A temperatura dos corpos físicos é uma medida de sua
energia interna e é obtida através de um instrumento denominado termômetro. Entretanto, a base da
termometria - ou seja, a medição da temperatura - está na chamada "Lei Zero da
Termodinâmica". Diz esta lei:
"Se um corpo A está em equilíbrio térmico com B, e B está em equilíbrio térmico com C,
então A também estará em equilíbrio térmico com C".
Esta relação aparentemente óbvia levou mais de 2000 anos para ser
concebida!
O conceito de temperatura veio da observação que uma mudança no estado físico (como
por exemplo, no volume) pode ocorrer quando dois objetos estão em contato (como o que
ocorre quando uma barra de ferro incandescente é mergulhada na água). Esta mudança de
estado físico é interpretada como a transferência de energia na forma de calor de um
corpo para o outro. A temperatura é a propriedade que nos indica a direção do fluxo de
energia.
Nos primórdios da termometria, a temperatura foi relacionada à altura de uma coluna de líquido, e foi observada a diferença de altura quando o termômetro foi colocado primeiro em contato com gelo derretendo (mudança de estado) e depois com água fervendo. Esta diferença foi então dividida em cem partes iguais chamadas de "graus", e o ponto mínimo foi chamado de "zero". Este procedimento levou à escala Celsius (ou centígrada) de temperatura.
E o que tudo isso tem a ver com a lei zero da
termodinâmica? O termômetro é constituído por uma
coluna de líquido dentro de um corpo, normalmente de vidro, que entra em
contato com o corpo do qual deseja-se medir a temperatura. Assim, seja
"A" o corpo, "B" o material do termômetro e "C" o
líquido interno, a medida da temperatura só é possível porque se " 'A'
está em equilíbrio térmico com 'B' e 'C' está em equilíbrio térmico com
'B', então 'A' também está em equilíbrio térmico com 'C' ". Caso isso
não fosse verdade as medidas de temperatura não seriam possíveis com a
configuração proposta pelo termômetro.
Entretanto, devido ao fato dos líquidos expandirem de maneiras diferentes, e nem sempre
uniformemente em um intervalo de temperatura, os termômetros construídos de materiais
diversos forneciam valores numéricos de temperatura bastante diferentes entre os pontos
fixos.
A escolha do mercúrio como líquido de preenchimento dos termômetros não foi arbitrária.
Ele foi escolhido de maneira a maximizar a precisão para fins corriqueiros de
modo que uma quantidade razoável de líquido fosse utilizada. Neste caso havia
dois problemas a superar: 1) se o líquido fosse pouco denso uma quantidade
muito grande deveria ser utilizada no bulbo e 2) se o coeficiente de expansão
térmica (a variação do volume em função da temperatura) não fosse linear
na faixa de medida o líquido seria inadequado. Um exemplo de líquido que não
apresenta coeficiente de expansão térmica linear em determinadas faixas de
temperatura é a água. A água expande abaixo de aproximadamente 4º C.
Hoje existem várias configurações de termômetros; alguns, por infravermelho, não necessitam nem estar em contato físico com o corpo a ser medido. Seus princípios de funcionamento são consideravelmente mais complexos.