Os
zeólitos são materiais tecnologicamente importantes e que encontram aplicações
em uma série de processos químicos. Sua vasta utilização em petroquímica,
na adsorção e na indústria de detergentes tem impulsionado a pesquisa desses
materiais a um ponto nunca antes imaginado pelos pioneiros no campo. Mas o que
são afinal os zeólitos??
Por
definição, zeólitos são compostos por tetraedros SiO4 e AlO4
conectados pelos átomos de oxigênio dos vértices. A substituição de Si+4
por Al+3 gera uma densidade de carga negativa estrutural que é
balanceada por cátions trocáveis (Na+, H+, etc.),
assegurando a estabilidade do sólido. É notável a estabilidade térmica
conferida aos zeólitos quanto têm cátions de terras raras como
contrabalanceadores de carga. Um aluninossilicato é considerado um zeólito
quando tem mais de um íon alumínio por cela unitária do material. Quando isso
não ocorre, o material é denominado silicalita e a presença do alumínio é
considerada uma dopagem. Por outro lado, outros metais representativos com número
de oxidação III ou IV podem ser incorporados à estrutura de um silicato. Mais
uma vez, se a concentração deste metal for maior que um íon por cela unitária,
o material é considerado um metalossilicato zeolítico.
Devido
à grande diversificação de composições disponíveis, convencionou-se chamar
essa grande família de materiais micro e mesoporosos de peneiras moleculares,
abrangendo, mas não eliminando, todas as denominações anteriores.
Uma
das principais diferenças entre um zeólito e qualquer outra peneira molecular
é o fato de que a estrutura de um zeólito tem que ser obrigatoriamente
cristalina, enquanto que a estrutura de outras peneiras moleculares não
necessariamente. A outra grande diferença entre um zeólito e uma peneira
molecular é que os zeólitos são constituídos apenas por átomos de Si, Al, O
e um cátion qualquer, e as peneiras moleculares podem possuir outros elementos
em sua constituição, como o fósforo.
Existem
vários tipos de zeólitos naturais, com composições químicas e estruturas
cristalográficas variáveis. Desde 1955, tentativas vêm sendo realizadas no
sentido de preparar zeólitos sinteticamente. Vários já foram preparados,
caracterizados e testados para atividades catalíticas.
Os
trabalhos iniciais sobre a síntese de zeólitos foram realizados na divisão da
"Linde Union Carbide Corporation" por Breck e colaboradores, que
resultou na preparação do zeólito A. As sínteses dos zeólitos X e Y foram
patenteadas por Milton em 1959 e por Breck em 1964, respectivamente.
O
zeólito A (figura 1) contém quantidades iguais de silício e alumínio. Os
poros são formados por anéis de 4, 6 e 8 átomos de oxigênio, sendo a dimensão
do maior poro igual a 4,1 Å (1Å=10-10m). Pode ser preparado a
partir de aluminato de sódio e silicato de sódio, nantendo a relação Si/Al
igual a 1. No início da reação forma-se um gel amorfo que sofre subseqüente
transformação no zeólito cristalino. Pequenas amostras são retiradas durante
a reação e analisadas através da técnica de difração de raios X. A filtração
simples e a lavagem com água produz finalmente o zeólito A.
Figura
1 - Estrutura
cristalina do zeólito A.
O
zeólito A também é chamado de zeólito 3A, 4A ou 5A, dependendo do tipo de
metal, alcalino ou alcalino terroso, existente dentro da estrutura básica do
aluminossilicato. Os números 3, 4 e 5 representam a dimensão da abertura dos
poros em Ângstrons. Quando os íons de sódio são substituídos pelos de potássio,
o aluminossilicato resultante é conhecido como zeólito 3A. O íon potássio é
maior que o íon sódio e conseqüentemente bloqueia os poros. No zeólito 5A,
os íons sódio são substituídos pelos íons cálcio. Os raios iônicos de Ca2+
e Na+ são aproximadamente iguais, mas a quantidade de cátions de cálcio
necessária é a metade da quantidade de íons de sódio. Portanto, os poros do
zeólito contendo cálcio são maiores que os daquele contendo sódio.
Outra
peneira molecular com reconhecida importância industrial é a MCM-41. Sua formação
dá-se de acordo com a figura 2:
Figura
2 - Formação
da peneira molecular MCM-41
Inicialmente,
o surfactante forma micelas, que se organizam em bastões. Esses bastões
arranjam-se em uma geometria hexagonal de corpo centrado. Quando é adicionado
silicato, o surfactante organizado orienta a formação das cavidades conforme
este arranjo e após a calcinação obtém-se a peneira molecular desejada.
Diferentemente
do zeólito A, a peneira molecular MCM-41 não apresenta cristalinidade, fato
observado pela espectroscopia de raios-X de ambas as estruturas (figura 3).
Enquanto o zeólito A apresenta espectro característico de uma estrutura com
razoável grau de organização, a peneira molecular MCM-41, ao contrário,
apresenta espectro característico de uma estrutura amorfa.
Figura
3 - Comparação entre os difratrogramas de raios-X do Zeólito A e da
peneira molecular MCM-41. Cada pico indica a presença de planos organizados na
estrutura. A ausência de picos no difratograma da peneira molecular MCM-41revela
tratar-se de um material amorfo.
As
peneiras moleculares têm vasta aplicação na indústria química, como no
craqueamenteo catalítico nos processos petroquímicos, cujo uso foi iniciado em
1960; na conversão de álcoois em hidrocarbonetos, realizada pela primeira vez
por Mattox em 1962 e na isomerização de xilenos, produzindo o p-xileno, que é
um dos importantes intermediários químicos requeridos em larga escala para
produzir fibras sintéticas de poliéster.
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A. Krell